A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem ouviu, nesta quarta-feira (26), depoimentos de moradores da região do Rio Pretinho, em Rorainópolis, que afirmam ter sido prejudicados por uma suposta sobreposição de terras envolvendo cerca de dez propriedades. Vinte e cinco famílias relatam conflitos desde a chegada de novos ocupantes em 2025.

A audiência ocorreu na Câmara Municipal e foi acompanhada pelos deputados Jorge Everton (União), Armando Neto (PL), Renato Silva (Podemos) e Neto Loureiro (PMB).

Um dos principais depoimentos foi o de Valmir Evaristo de Andrade, presidente da Cooperativa EcoAgro. Ele disse que os ocupantes iniciaram o loteamento em 2017, após constatarem a ausência de registro da área em órgãos estaduais e federais. No ano seguinte, deram entrada na documentação de posse. Em 2022, a área passou ao domínio do estado.

Andrade afirmou que a região é de difícil acesso, o que impediu a realização de benfeitorias. Mesmo assim, segundo ele, foram construídos um ramal de 48 km e uma ponte de 60 metros com recursos dos próprios cooperados. Ele relatou ameaças e obstrução de acesso após o surgimento de novos posseiros.

Relatos semelhantes foram apresentados por outros moradores, que apontaram insegurança e receio de investir nas propriedades. Técnicos do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima) vistoriaram a área nesta semana.

Criada em fevereiro, a CPI investiga possíveis ocupações irregulares de terras públicas e eventuais organizações criminosas ligadas ao avanço sobre essas áreas.

Para o presidente Jorge Everton, a situação é complexa e precisa ser analisada em conjunto com o Iteraima. O relator Renato Silva defendeu que o estado retome a área e implemente um assentamento familiar.