O grupo criminoso Tren de Aragua tem expandido sua atuação em Roraima, com homicídios, torturas, esquartejamentos e domínio do tráfico de drogas em Boa Vista. O estado tem 13 dos 15 municípios controlados por facções criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
De acordo com o estudo Cartografias da Violência na Amazônia, os municípios dominados por grupos são: Alto Alegre, Amajari, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, Rorainópolis, Uiramutã e Boa Vista. São Luiz e São João da Baliza não apresentam registros confirmados.
A Polícia Civil de Roraima aponta que o Tren de Aragua disputa o tráfico com grupos brasileiros e venezuelanos. Entre 1º de janeiro e 10 de outubro, o estado teve 39 homicídios, sendo 21 venezuelanos e 18 brasileiros, além de 66 tentativas de homicídio, com 34 alvos brasileiros e 32 venezuelanos.
O Tren de Aragua atua nos bairros Tancredo Neves, Buritis, Caimbé, Liberdade e Asa Branca e em acampamentos da Operação Acolhida. Em novembro, um líder da facção foi preso em Manaus na Operação Afluência, que investiga assassinatos relacionados à disputa por pontos de drogas. Seis pessoas foram presas; outros suspeitos continuam procurados.
O crescimento do grupo está ligado à imigração venezuelana, que registrou 178 mil pedidos de refúgio ou residência temporária entre 2015 e 2019. Em 2022, Roraima teve o maior crescimento populacional do país, com 637 mil habitantes.
Os homicídios aumentaram de 90 em 2020 para 127 em 2021, com 12 assassinatos atribuídos ao Tren de Aragua entre março e agosto, quatro com vítimas esquartejadas. Em janeiro deste ano, a polícia localizou um cemitério clandestino com nove corpos.
O PCC continua hegemônico nos 13 municípios com facções, sendo exclusivo em cinco deles, enquanto o CV atua em oito cidades, dominando cinco. O Tren de Aragua é o grupo venezuelano mais visível, com presença estimada em três municípios.
O estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que o Tren de Aragua atua como braço do “Sistema”, rede transnacional que articula tráfico de drogas, armas, ouro e combustível. Uiramutã e Pacaraima cumprem papel estratégico para logística transfronteiriça. Internacionalmente, o grupo ganhou notoriedade durante o segundo mandato de Donald Trump. Seu líder, Héctor Rustherford Guerrero Flores, o “Niño Guerrero”, está foragido, e a facção possui presença em vários países.
Com informações da Gazeta do Povo
