O Ministério Público Eleitoral (MPE) recomendou à Justiça a cassação do mandato do vereador Adriano Costa da Silva e a inelegibilidade da deputada federal Maria Helena Teixeira Lima, conhecida como “Helena da Asatur”, ambos do MDB, apontados como líderes de um esquema de compra de votos no município de São João da Baliza, sul de Roraima, durante as eleições de 2024.

A ação, apresentada por Regina Larangeira Macedo, candidata ao Legislativo municipal pelo mesmo partido, descreve uma série de práticas ilegais com o objetivo de assegurar a reeleição de Adriano. Entre elas estão o uso de recursos não declarados, distribuição de dinheiro a eleitores mediante listas organizadas por aliados e transporte gratuito de votantes por meio da empresa Asatur.

Segundo o Ministério Público, a campanha do vereador funcionava como núcleo operacional do esquema, sendo coordenada por sua esposa, Davilmar Lima Soares, e cunhada, Dorgileia Lima Sousa. Já Maria Helena teria atuado como mentora e financiadora das ações, conforme evidenciado em áudios e documentos anexados ao processo.

Depoimentos colhidos durante a investigação revelam a exigência de listas de eleitores para efetuar pagamentos próximos à data do pleito. Os ex-candidatos Antônio Cézar Lima e Paulina Castro relataram repasses em dinheiro, promessas de “bonificação” e uso de listas para desviar votos de adversários para Adriano.

Diante da robustez das provas, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do diploma de Adriano Costa da Silva e a inelegibilidade de todos os investigados por oito anos, incluindo a deputada federal Maria Helena Teixeira Lima.

Alvo da PF

Em julho deste ano, a deputada Maria Helena foi alvo da Operação Caixa Preta, da Polícia Federal, desdobramento de uma investigação iniciada em setembro de 2024, deflagrada para apurar um esquema de compra de votos nas eleições municipais de Roraima. Além de Maria Helena, estiveram na mira da PF o empresário Renildo Lima, marido da parlamentar, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud.

A investigação teve origem em uma apreensão feita em setembro de 2024, quando Renildo Lima foi flagrado com R$ 500 mil em espécie, parte deles escondidos na cueca, e material de campanha de um vereador que disputava a reeleição. Na ocasião, a PF prendeu outras cinco pessoas, incluindo dois policiais militares e uma advogada.