
Muitos dos tumores malignos atualmente conhecidos têm um fator de risco em comum: a idade. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, a idade média de início do câncer é de 66 anos. Mas por que isso acontece?
Alguns fatores externos, relacionados ao estilo de vida de uma pessoa, podem estar associados a um maior risco de desenvolver câncer, explica Marcos Magalhães, oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. “À medida que envelhecemos, a exposição a fatores de risco externos se acumula, como tabagismo, exposição prolongada ao sol sem proteção, poluentes atmosféricos, dieta”, disse ele.
Comer muita carne vermelha e processada, bem como beber muito álcool, pode aumentar a risco de desenvolver câncer. No caso do câncer de pele, por exemplo, a principal causa é a exposição aos raios ultravioleta do sol Para o câncer de pulmão, o maior fator de risco é o tabagismo, juntamente com a poluição do ar. “Incluindo as emissões de diesel e a poluição por partículas, isto está associado a um risco aumentado de cancro do pulmão, destacando a importância de gerir estes fatores de risco ambientais e de estilo de vida.
Mas esta não é a única explicação. Fatores genéticos também estão associados a um maior risco de desenvolver câncer com a idade. Na verdade, um tumor se desenvolve a partir de uma mutação genética, ou seja, uma alteração no DNA da célula. Essas alterações podem ocorrer em determinados genes que, quando ativados em células normais, são responsáveis por transformá-las em células cancerígenas. Este processo leva vários anos e, portanto, o cancro é frequentemente diagnosticado numa idade mais avançada.
“O câncer é causado por anomalias genéticas que podem ser herdadas”, explica Alexandre Jácome, oncologista e membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais Inferiores da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), mas ocorre principalmente com a idade. Mutações genéticas hereditárias incluem, por exemplo, alterações nos genes BRCA1 e BRCA2, que estão fortemente ligados ao cancro da mama e do ovário.
“Outras síndromes genéticas, como a polipose adenomatosa familiar e a síndrome de Lynch, aumentam o risco de câncer colorretal”, explica Magalhães. No entanto, alterações genéticas podem ocorrer ao longo da vida, mesmo sem a herança de genes específicos. Durante a divisão celular, os genes são duplicados e divididos em células-filhas.
“Os erros genéticos ocorrem naturalmente durante esse processo, embora tenhamos sistemas eficientes de reparo do DNA em nossas células”, explica Jácome. Com o passar dos anos, esses erros genéticos se acumulam e podem afetar genes envolvidos na divisão e diferenciação celular, causando transformação celular maligna.
Portanto, possuem maior capacidade de se multiplicar, podendo atingir outros órgãos e tecidos do corpo, conforme explica o oncologista. Ele afirmou: “Portanto, independentemente de fatores externos, todos podemos desenvolver câncer porque este é um fenômeno que resulta de anormalidades inerentes ao processo de envelhecimento”.
Alterações hormonais também podem aumentar o risco de câncer Além dos fatores genéticos, as alterações hormonais também podem afetar o risco de uma mulher desenvolver certos tipos de câncer, como a menopausa.
“O início da menopausa após os 55 anos aumenta o risco de câncer de mama e de endométrio devido ao aumento da exposição ao estrogênio ao longo da vida”, explica Magalhães. Portanto, mulheres que nunca engravidaram ou amamentaram, bem como aquelas que usaram altas doses do hormônio estrogênio podem ter maior risco de câncer de mama.
“Esses efeitos têm que ser persistentes e duradouros para serem prejudiciais, por isso a doença muitas vezes se manifesta mais tarde”, explica Jácome. Nos homens, o câncer de próstata está diretamente relacionado à idade, sendo mais comum entre 65 e 75 anos.
“O histórico familiar é importante e há um risco aumentado. Fatores dietéticos, como uma dieta rica em gorduras animais, podem contribuir para o risco, embora a relação exata ainda não esteja esclarecida”, acrescentou Magalhães. Então, como podemos prevenir o câncer? O risco de desenvolver câncer pode ser reduzido adotando hábitos saudáveis e evitando fatores de risco externos.
“Evite fumar e beber muito álcool, faça uma dieta rica em frutas, vegetais e fibras e pobre em alimentos processados, açúcar e gordura”, lista Jácome. A atividade física também é essencial para prevenir o aparecimento de tumores. Além disso, é importante lembrar que alguns tipos de cancro que podem ser prevenidos através da vacinação, como o cancro do colo do útero e o cancro do pénis, estão ligados à infecção pelo HPV.
Nestes casos, a vacinação contra o HPV, além do uso de preservativo durante as relações sexuais, também protege contra o desenvolvimento de tumores. Finalmente, no caso do cancro do pénis, uma boa higiene local também é essencial. “Isto realça a importância da prevenção e da educação sobre os fatores de risco modificáveis para estes cancros”, concluiu Magalhães.